O homem que ri

Título Original: L'homme qui rit
País: França
Direção: Jean-Pierre Améris
Roteiro: Jean-Pierre Améris
Elenco Principal: Gérard Depardieu, Marc-André Grondin e Christa Theret
Estreia no Brasil: Maio de 2013*




Adaptado de uma obra menos conhecida de Victor Hugo, o novo trabalho do francês Jean-Pierre Améris já inicia transmitindo uma noção de que está por vir uma emocionante fantasia. Mas o restante da projeção não corresponde à isso, parando na superficial composição de suas personagens e na confusão narrativa que lhe impede de gerar um propósito ou mensagem final.

O diretor também é quem assina o roteiro que acompanha o jovem Gwynplaine (Grondin). Ainda criança ele e uma garotinha são encontrados no meio de uma tempestade de neve pelo charlatão Ursus (Depardieu). Abrigando-os ele acaba descobrindo que a menina, a quem dão o nome de Dea (Theret) é cega, e Gwynplaine tem o rosto desfigurado dando-lhe a impressão de que está sempre a sorrir. Eles aprendem a usar essas adversidades físicas em prol da família trabalhando em feiras circenses ao longo do país até que a sedução da burguesia ameaça abalar a harmonia entre eles.

No início da projeção tudo é contado como uma trágica porém suave história de superação, e é justamente nesta parte que aparece pela única vez uma paleta de cores mais vivas. A partir do momento que eles crescem e a história do Homem que ri ganha fama, atingindo a alta burguesia, então, o tom pálido e obscuro ganha a frente das câmeras, representando a dura realidade do povo que Hugo sempre relatou.

O principal problema é a falta de profundidade de seus personagens, além disso, no meio desta simples mas bem elaborada trama surgem outros interessantes personagens que são simplesmente deixados de lado, como é o caso do misterioso médico Hardquanone (Bajraktaraj) e o jovem Sylvain (Arlaud). Isso enfraquece o filme pois dá a impressão de que o diretor escolheu o caminho mais fácil para conduzir sua história.

Em um bate papo após a sessão, Améris esclareceu que buscou explorar mais a vida de Gwynplaine de modo que as câmeras o mostrassem mais como Dea o via (a cegueira lhe impedia de julgá-lo pela aparência). Isso resultou num Gwynplaine muito mais parecido com o renomado Coringa do que com o monstro deformado de Victor Hugo, que sempre tem um sorriso estampado no rosto. Infeliz escolha na minha opinião.

De qualquer forma o diretor deveria ter dado mais atenção não somente ao protagonista, mas aos demais personagens. Se explorassem-lhes os sentimentos talvez a sua mensagem tivesse sido passada ao público.

*Crítica escrita durante o Festival Varilux de Cinema Francês.


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