Depois de maio

Título Original: Après mai
País: França
Direção: Olivier Assays
Roteiro: Olivier Assays
Elenco Principal: Clément Métayer, Lola Créton e Felix Armand
Estreia no Brasil: Abril de 2013




Tido como um dos mais importantes movimentos do século XX, maio de 68 desencadeou marcantes protestos que levou milhares de pessoas às ruas pelo mundo todo, sobretudo na França, a clamarem por uma mudança no rumo pelo qual os governos conduziam suas vidas. Se os eventos daquele mês atuam progressivamente nas sociedades contemporâneas, pense nas suas influências para a geração imediatamente posterior. É neste cenário que Assayas concebe seu novo longa-metragem, uma quase auto cinebiografia que intenciona retratar como foi dada a absorção daqueles inovadores e revolucionários ideais que marcaram a década de 70, não só na esfera política. O que a juventude incorporou daqueles pensamentos para sua formação como cidadão.

Seu roteiro acompanha alguns poucos jovens engajados com protestos que são fortemente reprimidos pela polícia francesa. No entanto, a pressão do governo em punir os manifestantes força os estudantes a usarem o período de férias da escola para viajarem pela Europa, apaziguando a situação em seu país. O verão mostra-lhes diversos caminhos que separam os amigos, enquanto a maturidade os obrigam a fazer escolhas que aos poucos vão moldando seus futuros.

A câmera de Assayas é objetiva em contar-nos suas ideias, no mais perfeito sentido do "curto e grosso". Sempre em movimento, com abruptos cortes, o diretor não perde tempo em situar o espectador na situação em que se vive em Paris no início dos anos 70. Seu estilo é extremamente eficaz em mostrar como se dava a mobilização estudantil, sem falar na belíssima tensão criada nas encenações das ações dos grupos revolucionários. Ao ponto de que é quase que decepcionante, mas perfeitamente compreensível, a mudança que se dá na narrativa com a chegada das citadas férias.

A partir daí, o longa assume a calmaria de uma ideologia hippie. A narrativa se fragmenta e a revolução assume um papel passivo, se limitando aos diálogos e leituras dos personagens. A trama se apropria dos romances utópicos para acompanhar o momento de passagem do quimérico para a realidade, onde não se pode trazer tudo na mochila. É a hora em que a mente atenta seu corpo para a necessidade de estabelecer sua posição na sociedade. Em certo instante, o protagonista afirma, "Eu fico no imaginário, quando a realidade bate à porta, eu não abro."

Embora boa parte do público parece concordar nos principais defeitos apontados, a falta de foco ou de um alvo final claro para onde a trama caminharia, como já foi dito nos parágrafos anteriores, vejo sim um foco e um objetivo na narrativa. Mas não deixa de ser decepcionante que, por se tratar de um assunto tão atual, Assays não se posicione melhor a fim de construir um diálogo pertinente sobre os movimentos sociais atuais e as políticas governamentais de hoje.


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