Hannah Arendt

Título Original: Hannah Arendt
País: Alemanhã
Direção: Margarethe von Trotta
Roteiro: Pam Katz e Margarethe von Trotta
Elenco Principal: Barbara Sukowa, Axel Milberg e Janet McTeer
Estreia no Brasil: Julho de 2013




Uma das mentes pensantes mais importante do século passado, Arendt é mostrada através de dois lados de sua personalidade, a carismática e simples professora, fiel ao seu círculo de amizade mais próximo, e a rígida profissional que adota a prepotência para não desvencilhar-se de seus ideias e assim compartilhá-los. Mas a diretora acaba inserindo elementos demais à narrativa, que sobrecarregam uma história que poderia ser mais incisiva.

Em 1961, Hannah Arendt (Sukowa) se oferece à revista norte americana, New Yorker, para ir até Jerusalém cobrir o julgamento de Adolf Eichmann. O réu responde por crimes contra a humanidade do governo totalitário de Hitler, durante os anos em que o Terceiro Reich matou cerca de 6 milhões de judeus na Europa. Muito mais do que um simples relato jornalístico, Hannah refleti sobre as formas de defesa adotadas pelo nazista e busca entender, neste julgamento, as origens do que posteriormente veio a chamar de banalidade do mal.

Uma vez que o texto resultante foi alvo de duras críticas, tanto dos judeus quanto de amigos, é significativo o uso pela diretora de material original do julgamento para apresentar ao espectador a figura de Eichmann. Com a visão polemizada pela população, Trotta acertou em mostrar ao público exatamente aquilo que Hannah viu. E não somente o que assistiu lá, mas também o que sentiu ao presenciar a revolta dos judeus em seus depoimentos e acusações. No entanto esta parte emocional coube à Sukowa que, construiu a protagonista a falar pelos olhares.

A cineasta também busca mostrar um pouco das raízes da pensadora, inserindo na edição memórias da juventude de Hannah, quando aluna e amante de Heidegger. No entanto, é desconexo do propósito inicial, o de narrar um caso específico na vida de Arendt. E, se o contato com o filósofo citado tem relevância para os fatos que ali se narram (e sem dúvida tem), ele acaba não ganhando a dimensão a que merecia. Além disso, sente-se que a fotografia não acompanha o emocional do enredo do longa.

Mas uma coisa que me deixou curioso é como Trotta decide ilustrar as viagens da personagem principal até Israel pelas repetitivas sequências de um ônibus, azul e branco (mas sem estrelas de qualquer tipo), a transitar por uma vazia estrada não pavimentada. No mínimo intrigante.

Acaba que Hannah Arendt é muito mais satisfatório pelo assunto interessante que propõe tratar do que por ser um filme realmente bom.

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