Na neblina

Título Original: V Tumane
País: Bielorussia, Alemanhã, Holanda e Letônia
Direção: Sergei Loznitsa
Roteiro: Sergei Loznitsa e Vasili Bykov (livro)
Elenco Principal: Vladimir Svirskiy, Vladislav Abashin e Sergei Kolesov
Estreia no Brasil: Março de 2013



Numa discussão muito próxima do que foi feito em A Caça, de Thomas Vinteberg, o segundo filme do cineasta bielorrusso Loznitsa é uma incursão artística na mente de um injustiçado. Se no primeiro vemos um homem honrosamente lutar contra a prepotência doentia da sociedade, neste longa-metragem o que nós é mostrado também é alguém digno mas que, dado o sombrio mundo em que habita, vê suas forças se esvaindo ao passo que a esperança também se vai.

Depois de ser solto de uma prisão nazista enquanto seus companheiros de cela eram enforcados em praça pública, Sushenya (Svirskiy) passa a ser acusado de traição pelo seu povo e se torna alvo dos rebeldes locais. Quando capturado para execução, eles são surpreendidos na floresta por alemães onde seu algoz acaba baleado. Sushenya então, honrosamente, entre em uma longa jornada para levar o corpo de seu executor até sua vila de origem.

O que mais impressiona neste trabalho é maneira como o diretor estanca a câmera em seus personagens principalmente quando eles são frequentemente surpreendidos, fazendo com que possamos sentir completamente a palidez da situação para só depois visualizarmos o motivo da surpresa. O uso de longos planos-sequência parar narrar as ações acaba fazendo do bosque, o cenário predominante do roteiro, um verdadeiro personagem da história, atuando como aquele que traz, junto com sua neblina, a reflexão filosófica da ética humana diante de um tempo de tragédia e desesperança.

A medida que cada personagem vai sendo revelado a nós, vamos tomando consciência do beco sem saída para o qual Sushenya caminha. Um estrada que se fecha dado as circunstâncias dos fatos, onde suas esperanças de honrar sua dignidade se vão como covardes soldados a abandonar à morte um de seus companheiros. E o que lhe resta é o óbvio, que não nos pega de surpresa, mas é previamente anunciado com a chegada da última e mais forte neblina.


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