Gravidade

Título Original: Gravity
País: EUA
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Alfonso Cuarón e Jonás Cuarón
Elenco Principal: Sandra Bullock e George Clooney
Estreia no Brasil: Outubro de 2013




Passados sete anos desde seu último longa, o diretor mexicano, Alfonso Cuarón, volta às telonas com o ambicioso Gravidade. Trazendo uma inovação tecnológica, que levou cerca de quatro anos e meio para ser elaborada, o filme tem sua marca registrada também pelo estreitamento que busca entre ciência, realidade e ficção.

O veterano astronauta, Matt Kowalski (Clooney), está em sua última viagem espacial para conduzir a engenheira biomédica, Ryan Stone (Bullock), até o telescópio Hubble onde precisa fazer um reparo instalando um novo sistema desenvolvido por ela mesmo. Entretanto, uma imprevista camada de detritos, vindos de um satélite explodido, atinge a região onde o grupo trabalha, deixando Ryan e Matt à deriva no espaço. Sem qualquer contato com a Terra, eles precisam encontrar um meio de sobreviver e voltar para casa.

O roteiro foi escrito pelo próprio diretor juntamente com seu filho Jonás, e permanece o tempo todo centrado em seu tema. Não há histórias satélites. Basta ver que há somente dois personagens durante quase todo o filme. Conta uma história de renascimento, metaforicamente visível na cena em que a personagem de Bullock entra em uma cápsula e, durante seu momento de alívio, relaxa enquanto flutua em posição fetal. É o renascimento que todos nós sentimos quando superamos adversidades, ou passamos ilesos por situações de risco extremo. E é dessa forma que, ainda que se julgue improvável algumas ações, é impossível não se emocionar com a protagonista.

A proximidade com a realidade encontrada aqui é uma investida nunca antes feita no cinema, mas é preciso entender que, ainda assim, estamos diante de uma ficção. Não faz sentindo ficar ressaltando as ações fisicamente impossíveis. A equipe de Cuarón utilizou-se da liberdade artística para fazer o que julgava ser o mais adequado para o cinema. Assim, mesmo que possa ser "inaceitável" ver Sandra Bullock usando apenas um shortinho por baixo de sua roupa de astronauta, em um ambiente onde a temperatura varia bruscamente, isso é simplesmente negligenciável se comparado com o auto nível técnico de toda minuciosa mixagem de som por exemplo.

O uso do 3-D também alcança um marco invejável às inúmeras produções que utilizam essa tecnologia. Cuarón e o diretor de fotografia, Emmanuel Lubezki, aproveitam muito bem as vantagens de se ter o universo como fundo para obter maravilhosos planos com a profundidade ideal para se criar a terceira dimensão. O 3-D acaba sendo uma componente natural ao longa.

Todo o filme foi pré-visualizado antes de se fazer as filmagens com os atores. A construção artificial de todo o cenário limitou as ações dos atores devido ao encaixe que as tomadas deveriam satisfazer com o que já estava previamente montado das cenas. Utilizou-se uma pequena caixa composta de mais de 4.000 LED's, onde um ator era filmado com câmaras robóticas enquanto as lâmpadas de LED forneciam as imagens com a iluminação correta a ser filmada. Toda essa inovação resultou num trabalho visual impecável, como se vê especialmente na bela cena em que nos aproximamos de Ryan, observando tudo a sua volta girar, até entrarmos em seu capacete e assumirmos o plano subjetivo da personagem. Memorável.

Embora trate-se de um thriller de ação, repleto de momentos angustiantes, o longa é também dotado de uma serenidade e harmonia que faz com que o espectador se deixe levar completamente pela projeção. E os minutos finais representam um fechamento da metáfora dita acima, reunindo uma incrível sensação de felicidade e satisfação ao sair do cinema.



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