Interestelar

Título Original: Interstellar
País: EUA/UK
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Jonathan Nolan e Christopher Nolan
Elenco Principal: Matthew McConaughey, Ane Hathaway e Matt Damon.
Estreia no Brasil: Novembro de 2014



Seguindo a ideia da ficção científica realista, estabelecido pelo excelente Gravidade de Alfonso Cuarón, os irmãos Nolan iniciam sua investida nessa tendência apostando mais na parte fictícia e apresentam um grande trabalho cinematográfico, mas faltou-lhes uma aptidão artística maior que evitasse uma mesmice no enredo que é contrária à noção inovadora que este novo gênero traz.

O longa se passa em uma Terra futura onde a falta de alimentos ameaça a vida humana. Cientistas e engenheiros se tornam uma espécie em extinção para dar lugar a fazendeiros que heroicamente tentam produzir o que a praga ainda não destruiu totalmente. Dentro desse cenário catastrófico, um projeto secreto, mantido pela supostamente extinta NASA, visa encontrar um novo planeta próprio para habitação através de um buraco de minhoca no universo que nos leva a uma distante e desconhecida galáxia.

Um dos principais problemas de Interestelar esta na velocidade com que tudo acontece. Nolan trabalha muito bem com a trama temporal que surge quando Cooper (McConaughey) e sua equipe adentram em um sistema físico onde seu tempo próprio passa muito mais lentamente que o tempo da Terra. Mas de alguma forma não consegue estabelecer uma cadência suficientemente digerível para o público no que diz respeito ao tempo de sua história. Mal o filme começou e um pai de família viúvo já está abandonando seus filhos para uma viagem que não sabe se irá regressar. Com tudo acontecendo tão rápido, fica difícil conectarmos com as personagens.

Apesar de que essa conexão não seria fácil de qualquer maneira, uma vez que o longa está repleto de personagens unidimensionais que representam a já citada mesmice simplista do longa. Até mesmo Dr. Mann (Damon), a mente brilhante tão enaltecida pela primeira metade do filme, consiste apenas de egoismo barato que existe para gerar complicações adjacentes à trama. Cooper é o único que se salva dessa unidimensionalidade, Mas nem com ele funciona as diversas tentativas de inserir o elemento sentimental como uma variável na equação que rege esse cenário majoritariamente científico (interessante notar como não há qualquer referência a uma religião ou crença na projeção). Na aflição  filosófica do cientista que se dá conta de estar no meio do nada, nas mensagens dos parentes aos tripulantes da expedição espacial ou no discurso sobre o amor da Dra. Brand (Hathaway), tudo isso soa forçadas demais.

Mas o longa também possui pontos fortes além dos aspectos técnicos (dentre os quais a montagem talvez seja a que mais se destaca). A trama temporal é muito bem sucedida, dando um "inimigo" de certa forma muito comum aos cinemas mas abordado de uma forma totalmente diferente através das consequências que a teoria da relatividade descreve. Além disso a Terra que Nolan estabelece é bem convincente por não ser extremamente futurística e visualmente catastrófica de mais.

Essas partes em que Nolan se estabelece como o grande diretor que é contrabalanceia com as fraquezas de roteiro e com seu fraco desfecho, que ao tenta amarrar todas as suas tramas (com falhas) até atropela os ideias de sua única personagem valorosa.



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