Elena

Título Original: Elena
País: Brasil
Direção: Petra Costa
Roteiro: Petra Costa e Carolina Ziskind
Elenco Principal: Elena Andrade, Petra Costa e Li An
Estreia no Brasil: Maio de 2013



Elena é muito mais que um documentário, é uma poesia. É mais que uma projeção, tem tato e é sensitivo. Emociona porque é comum à vida de qualquer um dos espectadores. Além disso, é de uma competência técnica invejável aos companheiros cineastas brasileiros.

Quando tinha 7 anos de idade, Petra Costa viu sua irmã, Elena, partir para uma jornada que mudaria a vida de sua família. O destino: Nova Yorke. Porquê: virar atriz de cinema. Duas décadas depois, ao encontrar seus diários, relatos gravados e filmados, Petra decide representar a história da irmã.

O roteiro meio que divide o longa em duas partes. A primeira apresenta Elena na pureza vista pelos familiares e a tortura que ela causa ao deixar a família para perseguir seu sonho. A segunda volta-se para a irmã mais nova, passando-a de narradora para protagonista na busca por uma identificação de Elena em seu interior. É um forte estudo sobre a dor, como um comprimido tomado que te leva pelo êxtase emocional que Petra e a mãe passaram naqueles anos.

O acervo de imagens VHS recuperadas por Petra servem para mostrar o envolvimento precoce que Elena teve com a arte, aquilo era o seu ar. Isso deixa claro que o caminho a se seguir não podia ser outro. Em contra partida, há os relatos poéticos que a diretora lê, provenientes dos diários de sua irmã. Eles podem ser sugestivamente associados ao desfecho da luta de Elena, exemplificando, talvez, que também não haveria outro fim a que se chegar.

Mas o que transcende nisso tudo é a sensibilidade da câmera de Petra Costa, que age como àquela fictícia que registra nossas memórias, ora desfocada, ora concentrada onde nunca entendemos bem o porquê; e a capacidade que o longa tem de transformar a pessoalidade deste relato em algo bastante universal, oferecendo um vislumbre de como a expressão artística pode ser utilizada como uma ferramenta de redescoberta, alívio e cura.

Elena serve de roteiro para que encontremos, dentro de nós mesmos, com aqueles que já partiram.

Nenhum comentário:

Postar um comentário