Sniper Americano

Título Original: American Sniper
País: EUA
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Jason Hall
Elenco Principal: Bradley Cooper e Sienna Miller
Estreia no Brasil: Fevereiro de 2015




Novo longa de Eastwood faz uma cinebiografia de um atirador de elite do exército norte americano que ficou famoso nos EUA por carregar um número recorde de mortes atribuídas a seus certeiros disparos (160 para sermos exatos). Tem um mérito cinematográfico, principalmente na área técnica, mas transmite uma corrompida mensagem de idolatração a um pseudo heroísmo, que na verdade é um estereótipo cancerígeno de um tipo de patriotismo psicótico que tanto é forte nos Estados Unidos.

Baseado no livro autobiográfico de Chris Kyle (co-escrito com mais duas pessoas), interpretado aqui por Bradley Cooper, o roteiro é um dos principais pontos fracos do filme, falando de mais enquanto não se diz nada. Introduz ao espectador a importância da infância de Kyle ao dedicar boa parte da projeção nessa época mas depois ignora por completo a família do protagonista sem que haja qualquer razão para isso. Além disso, tudo ocorre muito rápido, impedindo que possamos absorver as coisas e entrar na cabeça de Chris (não que queiramos isso, dado a falta de empatia para com a personagem, mas muitos longas já fizeram e isso é uma das belezas do cinema).

Boa parte dessa distância entre o Chris da telona e o público no cinema pode ser atribuída às câmeras guiadas por Eastwood. O diretor não consegue capturar um momento se quer que possibilite entendermos, ou aceitarmos, as aflições daquele combatente. Com isso, fica difícil aceitar por exemplo o trauma pós-combate que ele vive sempre que retorna à seu lar, estabelecendo na verdade um repúdio ao protagonista já que o vemos tão insensível às inúmeras mortes que ele e aquela guerra tem causado.

O longa então se embaralha mais quando determina um algoz primário para Chris, um atirador de elite ex-atleta olímpico que possui precisão impecável além de somar inúmeras baixas aos combatentes americanos. O filme perde sua identidade de vez, não sendo uma inteligente reflexão sobre as dificuldades de se estar numa guerra e se confundindo com um thriler de ação onde o protagonista tem um objetivo simples a cumprir.

E com essa confusão em mente, sem nenhuma simpatia ou compaixão ao protagonista, somos levados ao desfecho da trama que, ironicamente, acaba culpando o próprio Tio Sam pela morte de seu maior herói. É a construção de pensamentos como o que Eastwood acaba passando em seu filme que é responsável pela criação de figuras como Chris Kyle e Eddie Ray Routh, ex-combatente no Iraque e seu assassino.



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